segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

II

Fui longe como quando viajávamos e sentíamos o vento a bater por fora do vidro entreaberto; tive sonhos que pareciam a realidade estampada das voltas que dávamos com o que queríamos bem junto a nós lá no centro. De quando brindamos à nossa e o champanhe ficou por se abrir. Longe dos olhos que brotavam o medo do desconhecido no infinito dos saltos que dávamos fora dos sapatos. E muitas mãos mandaram parar carros e aviões. E se levantaram para dizer adeus como quem diz até já em voz alta sem que ela se trema. Findo o dia como quem agarra o copo de vinho com a força do que o corpo guarda à espera de destruir. Com as mãos que seguram o cigarro forte o suficiente para que dure eternamente quando a cabeça já dói e a garganta arranha. Dos pedidos de desculpa que ficaram engalfinhados na gaveta; e ela ainda espera que se abra para os desembaraçar um por um. Neste ano que ainda agora iniciou e as ondas já vêm com a força de Agosto. Calma; precisamos de toneladas de calma. E alguém para nos saber abrir a porta dos túneis que se afundam no lusco-fusco da luz que persiste. 

domingo, 14 de janeiro de 2018

I

E todos os pedaços soltam-se; todas as tentativas falhadas de segurar o fio caem por terra; e onde estás quando o mundo desaba aos pés de quem o já o tem do avesso? De quando Eras o colchão de todas as efemerides passadas na cabeça de quem achava não ter emoções. O Grito de quem sente e chora a falta; do aço que suportava toda a estrutura decadente em pedaços soltos que a Lua via cada vez que deixava de ser menina. Longe de todos os pecadores que são também eles as barreiras ao próprio ser que se reluz no interior de toda uma superfície plana em delírio. Chega e toca, rasga e rouba-nos o sossego vão que às vezes pára. Deita-se com quem quer rugir ao que não é nosso. Ao que se teima em querer como garantia deslúcida da realidade que mói. A noção de eu o grande torna-se maior quando acreditamos que é um pequeno. No meio de um oceano inteiro vive o inimaginável. Eu sei que a música toca e eu sinto-a como se fosse um preenchimento do meu corpo. Uma alimentação precoce ao que eventualmente aí vem. Espero; eu devo alcançar todos os objectivos propostos pela melodia que se arrasta e chama por mim. Guarda-se os nomes que outrora serviam de Mundo ao outro pequeno mundo de cada asfalto agarrado à estrada. E agora é apenas o pequeno. Sem Ela, 100 tudo o que em tempos foi a conjugação perfeita de uma equaçao indecifrável por escolha própria de uem sabia que a raíz quadrada do Amor era o resultado explícito e equilibrado de um Teorema fugaz. Em português a Saudade era a palavra Mãe que segurava e chorava connosco cada vez que desaparecia. O Sol era quem vinha pôr o sorriso na máscara de quem finge que não é o que sente. Igualando tudo o que pode ser e não é; tudo o que se quer e não se tem. É quando ouço as sirenes a esvoaçarem com os pássaros conforme passam à velocidade Luz de quem a alcança que sinto que piso o chão que piso; que todo o resto são pedaços de nuvens que crescem e se juntam conforme se movem de dentro para fora. É tão fundo quanto o Oceano inteiro. E é desse lado que estou. Esquecendo todos os rompimentos da Natureza, todas as vezes que me apanhou em flagrante e eu deixei.