sexta-feira, 2 de março de 2018

III

a chuva cai lá fora e eu esfumaço cá em cima. no meio de todo o barulho que se faz sentir, olhá-las faz quase com que as sinta bater no chão, como as pancadas que o fio leva e abala. o estalo no asfalto, o estilhaçar das mini gotas. o vento assobia e faz efeito furacão, os cabelos esvoaçam, e eu lembro-me do olhar que me tinhas, quando ainda era tudo feito de cristal. dizem por aí que as pessoas não mudam, mas há quem também diga que as coisas já não são as mesmas. 
e no pontapé de saída, quem deu o primeiro toque na bola? 
os adeus são ripostados com inconsequentes devaneios; e então? não era para ser para sempre? não foi. e as coisas mudam, deixam de ser direitas. entortam-se as raízes, as folhas caem; e o que dizer? o que toda a sociedade prega? o que se diz para parecer bonito? que a vida continua? que se caíres sete, levantas hoje? e se eu dei um tiro hoje e acertei. o que fazer? amanhã é outro dia. dias são dias. 
fala-se a respirar e não sabemos quando o que está quebrado se cola. também nunca saberemos quando a esperança cai e o medo se apodera. e eu ouço a chuva cair continuamente sem medo da queda. porque quer queirammos, quer não, ela desaparece sob outra forma e volta a reaparecer. 

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