quinta-feira, 19 de abril de 2018

IV

Ao longo de tantos anos, talvez eu nunca te tenha agradecido o suficiente por tudo o que foste por ti, por mim e por nós. Talvez eu nunca tenha tido a noção do quanto te importavas realmente com o mundo, comigo e depois contigo. Talvez eu tivesse sabido por várias vezes e com todas as certezas que o universo me dava que eras tu Aquela pessoa. Às vezes, no silêncio do teu abraço nas escutas, ou nos jogos do pijama que deixavas junto à cabeceira para que eu o vestisse quando chegava de viagem, eu soubesse que te queria para todas as vidas que eu viesse a ter. E talvez ainda assim eu não agradecesse o suficiente todos os desamparos no teu colo afável pelas queixas infindáveis sobre a remota possibilidade de uma estupidez qualquer. Talvez eu nunca tivesse querido baixar as asas de quem se acha nata em modo voo quando no fundo todos os obrigados que disse e todos os que não disse fossem insuficientes para te agradecer a Mulher que foste e que não duvido que sejas. Eu agradeço-te, a Ti por me teres tornado tão melhor pessoa quando estava contigo. Por me teres orientado e mesmo nos meus maus momentos teres sido tu a razão do continuar. Agradeço por deixares de lado os teus problemas maiores e familiares inclusive para cuidares de quem nunca soube agradecer-te o suficiente.
Hoje, aqui, ainda me sinto ingrata e incapaz de te olhar de frente. Por toda a vergonha de ser e estar; hoje e aqui, mais ou menos assente tenho a certeza como a tinha há muitos anos atrás. Serias sempre tu, independentemente do que se pudesse passar na vida. Foi uma, agora outra. E independentemente do que a vida me reservar a mim e a ti, só gostava que soubesses o quão profundo é o meu sentimento de agradecimento por ti. Porque eu hoje sei que a culpa foi minha. A de não perceber que tinha o mundo ao meus olhos e aos meus pés, e achar que não era o suficiente. Afinal era mais do que suficiente. E eu, parva de mim, hoje guardo memórias do que fomos e o sentimento do que éramos. Talvez eu hoje tenha percebido o porquê de acreditares tanto no amor sabes? É que hoje eu sei que não terei nenhum igual. O teu, depois de calcado, vem sempre mas sempre ao de cima. Ficas acima de tudo. 
Hoje perdoei tudo o que aconteceu, todo o mal que me pudeste fazer. Ficou tanto por dizer. Por mostrar e por fazer. 
Espero que sejas feliz. Tu mereces o mundo a dobrar. 



4.

Sem comentários:

Enviar um comentário